quinta-feira, 29 de julho de 2010

A Luta


Lembro-me como se fosse hoje...era um dia quente, mais um dia quente de janeiro. E lá estava eu, na academia de Taekwondo Fábio Goulart. Estar lá treinando uma paixão e ao lado do "Pelé" do Taekwondo era uma experiência única para mim, era estar lado-a-lado com um guerreiro, elevando este termo ao seu grau mais alto.

Ver aquele homem que começou com muita dificuladade e tornou-se um dos maiores taekwondistas do Mundo era realmente fantástico. Pode até parecer muita contemplação, mas quem ama o que faz e tem o imenso prazer de ter contato e estar sempre perto de quem subiu na vida com dignidade e é exemplo de vida para quem o conhece, não tem palavras completas para descrever esta imensidão de satisfação.

Seguindo minha rotina, eu já tinha feito uma boa corrida às 6 da manhã na praia, embaixo daquele sol quente, apesar do horário cedo. Às 7h30, estava na academia treinando Taekwondo, com aquele uniforme pesado e quente,onde cada gota que derramava, seguia com uma expressão de dor e cansaço. Assim, seguiu todo o treino durante uma hora...

Nosso Mestre Fábio Goulart, hoje, Grão-Mestre, havia montado uma rotina especial de treinos para aquele mês de férias, chamada Treinos de Competição, era um treino de uma hora e meia para quem estava disposto a participar das competições.

Para a nossa grande e impagável satisfação, o nosso Mestre estava voltando a treinar para participar também das competições. Estávamos alí, todos distraídos com o treino pessoal, todos os olhos estavam voltados para um só lutador, nosso Mestre. É como se pudessemos olhar o Rei Pelé voltar a jogar novamente.

Passadas uma hora e meia de treino, eu já estava completamente desgastado, físico e mentalmente. Já correra às 6 horas da manhã embaixo de um Sol impiedoso, tinha treinado na sequência por mais uma hora, e estava no momento mais difícil do dia: um treino de uma hora e meia, com uma temperatura extrema, onde todos os atletas que lá estavam, demonstravam expressões de dor e cansaço pela alta temperatura do dia e pelo forte treino que havíamos feito.

Ainda neste treino, nosso Mestre Fábio Goulart fazia um rodízio, lutando com aqueles atletas que queriam estar numa competição, que queriam chegar longe. Ao fim do treino, eu já quase não tinha forças para ficar em pé, estava totalmente dolorido, com marcas no corpo de antigas lutas que havía feito e com a respiração ofegante...quando para a minha surpresa, nosso Mestre olhou para mim e disse: "Vem lutar, Carlos." - Olhei para ele com uma expressão de surpresa(!); eu não esperava por aquela situação...ele olhou para mim e expressou-se dizendo que viu que eu estava muito cansado e machucado e que talvez não tivesse forças para a luta, MAS, aquele era um momento que eu guardaria para a minha vida toda(...)

Em um tempo mínimo, olhei para o meu estado lamentável (assim posso dizer!) e decidi lutar com um adversário que eu sabia que não haveria as mínimas condições de vencer, mas mesmo assim seria uma lição de vida para mim. Era a última luta do Mestre naquele treino de uma hora e meia que parecia uma eternidade, ele também estava muito cansado, mas estava lá.

No início da luta, só de olhar para um homem que é uma lenda viva no Taekwondo e possui um físico muito forte, era a mesma coisa que jogar-se na frente de um caminhão(!). Levei muita porrada, de tudo quando foi jeito! Parecia ser uma situação impossível, o cansaço, os machucados das lutas anteriores, o nervosismo, a falta de raciocínio pela situação...parecia que as soluções não vinham até a minha cabeça. Até que, naquela situação única, consegui acertar um chute no colete dele, na região da barriga, aquilo para uma pessoa do nível dele não era absolutamente nada, mas para mim, era uma glória. Era como marcar um gol aos 46 minutos do segundo tempo em uma final de campeonato.

Passada a luta, eu estava o que posso chamar com exagero, um "caco". Desci e sentei-me no sofá da academia, estava com a camisa colada no corpo de tão soada, a calça parecia pesar uma tonelada, minhas pernas pareciam ter corações, elas pulsavam e tremiam de uma forma que nunca havia visto antes, meus braços estavam extremamente doloridos e cheio de bolas roxas e verdes devido as pancadas. Eu estava numa situação deplorável, para andar era impossível, o corpo parecia não obedecer aos comandos do meu cerébro, que também parecia não ter forças para comandar aquela máquina.

Lembro de estar com uma antiga namorada e irmos de carro para minha casa, sozinho eu não teria conseguido. Deitei e dormi o dia inteiro. Parecia que um trem tinha me atropelado em cheio e arrastado-me por dez quilômetros.

Esta com certeza, foi uma das maiores experiências que eu tive na minha vida. A lição que eu aprendi com esta situação, foi uma das melhores que nenhum livr possa ensinar. Senti na pele. Literalmente. Senti o quanto o ser humano pode ser forte, se ele souber como usar suas forças, como usar sua capacidade, seus instintos, como nos momentos mais difíceis ainda ter condições para raciocinar e poder obter a vitória. Eu sabia que eu não podia dizer não(!) naquele convite d(A) Luta. Com certeza absoluta, o Pai separou-me aquele momento para eu provar a minha força, não provar a ninguém mais além de mim. Provar que para toda ação tem sua reação, eu sabia como sairía daquele aprendizado, mas minha alma recebería uma altíssima dose de orgulho e satisfação.

Muito obrigado Grão-Mestre Fábio Goulart. O senhor foi para mim e para todos os seus alunos, um grande pai. Obrigado por suas lições que seguirão sempre em nossas vidas.

Obrigado.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ondas


Sempre vivas, sempre aventureiras
A cada aventura, novas descobertas
A cada descoberta, novas histórias
Assim são as ondas do mar

Vivem infinitamente, vivem intensamente
Beijam o pé da praia a cada vinda,
Deixam saudades a cada ida mar adentro

A cada ida e vinda, reciclam suas memórias
Conhecem pessoas e lugares novos, levam vidas novas aos pequenos grãos
Levam belezas ao solo branco, mas podem levar tristeza, também!
Renovam e envelhecem o mesmo solo

A cada despedida, levam lindas histórias para contar ao pai mar
Mas também, entristecem o mesmo pai com novidades ruins
Deixam saudades a cada partida, mas levam alegria ao mesmo pai mar
Não se cansam de banhar, e banhar, e banhar...

As ondas são assim,
Vivem infinitamente, rodam o mundo
Vão das mais frias e escuras profundezas
Ao mais quente e claro altar do Planeta Água

As ondas estão aí para nos ensinar,
Fazem isso desde o primeiro segundo que gotejam aqui
Elas tentam nos ensinar,
Porém, mais do que não querermos enxergar seus ensinamentos,
Somos incapazes de perceber seu legado

Somos ou deveríamos ser como as ondas do mar:
Viver intensamente, entre os opostos extremos do Mundo
Descobrindo e redescobrindo pessoas, vidas, lugares...
Levar alegrias e novidades a cada viajem

Mas, temos uma vantagem,
Uma grande vantagem sobre as ondas do mar:
Nós temos a escolha de não levar conosco as tristezas

E mais do que levar as tristezas, dá-las a quem amamos.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Filo Sofia: Primeiro pensamento!

Filo Sofia: Primeiro pensamento!: "Começa aqui uma conversa comigo mesmo. Mais do que uma conversa, um desabafo. Em horas como estas (quase cinco horas da manhã!), que quer..."

quarta-feira, 21 de julho de 2010

(Des)Educação


Ao saírmos do ventre de nossa mãe, nos tornamos alvos fáceis deste lugar que chamamos de Mundo. Nossos pais tornam-se nossos escudos, são eles quem irão desviar os mísseis que serão lançados contra nós desde o primeiro segundo que passarmos a respirar neste território.

Seguindo o papel da evolução humana, nossos pais terão a difícil tarefá de nos (des)educar. Porém, a educação que teremos até o nosso último suspiro, não virá apenas de nossos geradores, mas de diversas direções: escola, amigos, familiares, televisão, internet...

Durante nossa jornada, com nossa experiência ao longo dos anos, teremos milhares de opções de quais caminhos seguir, sempre de mãos dadas com nossa (des)educação. Quando criança,temos as raízes fincadas aos nossos pais, que sempre (ou não), irão nos mostrar o caminho das pedras (ou não).

O que podemos ver atualmente, são crianças cada vez mais crianças e crianças cada vez mais adultas. Difícil entender esta contradição? Não! Basta olharmos para os quatro cantos e enxergarmos cada vez mais as lágrimas de crocodilos que caem das crianças (des)educadas nesta geração. Lágrimas estas, derramadas destas crianças que "choram" por não ganhar um celular com câmera igual ao do coleguinha do colégio, lágrimas que caem como cachoeira quando não ganham um computador com centenas de funções, litros de choro são derramados quando não ganham um tênis com um "sinal de positivo"(...)
(...) muito diferente daquelas crianças que realmente choram lágrimas verdadeiras e compreensivas quando não possuem o que comer,quando vêem seus pais sem trabalho, quando flagram a perda de familiares e amigos na porta de sua casa humilde ao som de disparos.

Nossas crianças, que dizemos ser o futuro da nação, são educadas com sanduíches ao sabor "gordura", com refrigerantes com gosto de detergente, são educadas a sempre ter o bom e o melhor, são (des)educadas com pais que não os preparam a sobreviver nesta guerra chamada Terra.

Ah, que bom! Ah que bom sería se tívessemos uma educação à Oriental!!! Como as crianças da Coréia do Sul,que aprendem logo cedo como serem vencedores na vida, que aprendem a não chorar com o frio, que aprendem a não chorar com um "NÃO!", que aprendem a serem homens desde pequeno, não homem no sentido "másculo", mas no sentido disciplinar.

Não vamos interpretar como um sentido militar as palavras contidas aqui, vamos interpretar em olhar para o Mundo que a maioria das pessoas não quer ver mesmo sabendo que existe. Um Mundo, não longe daqui, onde crianças brigam por um pedaço de pão e estão quilos e mais quilos abaixo de seu peso ideal.
Que estas crianças sejam educadas, não deseducadas.

O Mundo agradece. Principalmente estes futuros homens.

Primeiro pensamento!


Começa aqui uma conversa comigo mesmo. Mais do que uma conversa, um desabafo.


Em horas como estas (quase cinco horas da manhã!), que queremos alguém para desabafar e opinar sobre as coisas deste Mundo (se podemos chamar de Mundo!)...e, quando falar em conversar com alguém, o sentido conversar perde sua textura quando conversamos pela internet.


Conversar com alguém através de uma tela é perder totalmente os nossos sentimentos e expressões, através de olhares e movimentos.


Portanto, este espaço será meu desabafo e ao mesmo tempo poderá ser um espelho para quem quiser concordar, ou não e desabafar junto comigo aqui, tudo o que pensa sobre qualquer assunto.